A identificação dos Arquétipos Geológicos oferece apenas uma fotografia momentânea da organização, mas a realidade cartográfica é cinética. Nenhum agenciamento permanece estático; ele é constantemente atravessado por forças que o empurram em direções específicas. Para uma leitura precisa, a cartógrafa deve sobrepor ao mapa geológico um campo de vetores que indique os movimentos da organização, ou seja, para onde ela está se transformando antes mesmo de a mudança se concretizar visivelmente. Não basta saber se a empresa está no maciço cristalino; é preciso saber se ela está se enrijecendo ainda mais ou se há fissuras por onde ela começa a vazar.
Para capturar esse movimento, analisamos a resultante entre dois vetores concorrentes que atuam sobre o corpo organizacional. O primeiro é o vetor inercial, geralmente alinhado à gravidade da axiomática do capital e ao medo da incerteza. Ele tende a empurrar a organização para a direita e para o alto do gráfico, em direção a uma reterritorialização e codificação crescentes. É o movimento silencioso que transforma a paixão inicial de uma startup em burocracia defensiva, ou que converte a autonomia de uma rede em procedimentos de controle algorítmico. Seguir o vetor inercial não exige esforço; basta deixar as coisas como estão para que a estrutura se feche sobre si mesma.
Em contraposição, buscamos identificar o vetor vital, que representa o desejo ativo e a linha de fuga criadora. Este vetor aponta a direção para onde a potência da organização quer expandir, muitas vezes tensionando as estruturas existentes. A cartógrafa deve perguntar para onde a organização está fugindo quando ninguém está olhando. É no desvio da norma, na improvisação que resolve o problema e na conversa de corredor que detectamos o devir real. Se o vetor inercial aponta para a conservação, o vetor vital aponta para a diferenciação.
O mapeamento não é um ponto fixo no gráfico, mas uma flecha de tendência. Podemos encontrar uma organização formalmente situada na câmara magmática, mas cujo vetor inercial aponta violentamente para o maciço cristalino, indicando um processo de resfriamento e burocratização iminente. Inversamente, podemos encontrar um departamento estagnado onde microvetores de desejo começam a apontar para uma planície aluvial, sinalizando que a estrutura está prestes a se desmanchar ou a se reinventar. A intervenção não atua sobre o passado sedimentado, mas sobre a inclinação dessas linhas de devir, acelerando os processos de emancipação e freando os automatismos de captura.