Uma vez cartografado o território, não entregamos um plano de ação estático. Iniciamos a fase de Prototipagem Composicional. A lógica é experimental: como podemos girar os botões (Território e Código) para amplificar a Potência coletiva?
Experimentação contínua
O processo se baseia em ciclos curtos e iterativos:
- Seleção do Território: Escolha de uma ou mais Fontes e Drenos de Potência no mapa.
- Hipótese de Reagenciamento: Formulação da mudança nos parâmetros. Ex: “Se reduzirmos a codificação neste processo (menos regras), a velocidade aumentará”.
- Desenho: Escopo delimitado e tempo curto. Se der errado, o dano deve ser reversível.
- Execução e Observação: O grupo vive o novo agenciamento.
Movimentos geológicos de intervenção
Com base nos Arquétipos Geológicos encontrados, podemos formular nosso experimento com base em diferentes movimentos.
Para sair do Maciço Cristalino
- Erosão Controlada (Descodificação): Hackear a lei. Simplificar manuais, abolir rituais inúteis que apenas reagem ao medo, criar “zonas de exceção” à regra. Exemplos: Criar uma “via rápida” onde compras abaixo de um valor não exigem nenhuma assinatura, apenas o registro final.
- Tectonismo (Desterritorialização): Mover o chão. Derrubar paredes físicas, misturar equipes em squads, forçar a circulação de pessoas entre silos. Exemplos: Retirar o time de compras da sala fechada no subsolo e alocá-los nas mesas dos times de projetos que eles atendem.
Para sair da Câmara Magmática
- Resfriamento (Codificação): Escrever o tácito. Transformar o conhecimento oral em guias, checklists e acordos claros para reduzir a dependência da presença física. Exemplos: Instituir um quadro visual (Kanban) público e um acordo inegociável sobre a entrada de novas demandas.
- Canais de Lava (Estruturação): Canalizar a energia. Criar papéis definidos para que a paixão não vire conflito pessoal. Exemplos: Definir papéis claros de dono do projeto para eliminar gargalos decisórios no topo.
Para sair do Arquipélago Estruturado
- Construção de Pontes (Reterritorialização Afetiva): Criar corpo. Promover encontros presenciais (“Off-sites”), rituais de celebração e espaços de troca não-trabalho para reumanizar as relações digitais.
- Flexibilização do Script (Decodificação): Hackear o robô. Permitir que as pontas (as ilhas) adaptem as regras globais à realidade local. Transformar “ordens” fechadas em “diretrizes” abertas, devolvendo a autonomia de julgamento ao humano.
Para sair da Planície Aluvial
- Fundação (Territorialização Material): Criar o chão. Investir na infraestrutura básica que “segura” o fluxo: definir a ferramenta oficial, o local dos arquivos e a base tecnológica mínima para parar o retrabalho.
- Balizamento (Codificação Expressiva): Definir o Norte. Estabelecer identidade e regras claras de navegação. Quem somos nós? Para onde vamos? Quais são os acordos inegociáveis?
Avaliação imanente
Ao final do ciclo, a métrica soberana é a variação da Potência:
- As micronarrativas mudaram de tom (de lamento para entusiasmo)?
- Novas Fontes de Potência surgiram?
- As forças ativas ganharam espaço sobre as reativas?
Se o experimento foi um sucesso técnico (atingiu a meta) mas gerou afetos tristes (diminuiu a potência), ele falhou. A vitalidade do corpo organizacional é o critério final.