O objetivo final da cartografia organizacional é realizar intervenções que aumentem a Potência da Organização. Para isso, é importante distinguirmos potência de dominação.
Potência (Potentia) vs. Dominação (Potestas)
No senso comum corporativo, poder é a capacidade de mandar e ser obedecido. Na nossa cartografia, propomos outra perspectiva. Precisamos diferenciar dois conceitos:
- Potência (Potentia): É a capacidade intrínseca da organização de agir, criar e perseverar. É a força de fazer acontecer que gera fluxos de energia e inovação. Ela opera por composição: soma-se à força dos outros para criar um todo mais forte.
- Dominação (Potestas): É o poder exercido sobre os outros. Opera por decomposição: para se impor, precisa limitar, vigiar ou diminuir a potência das partes através do medo e da dominação.
Uma organização baseada na dominação pode parecer forte (rígida), mas é estruturalmente impotente. A dominação depende da produção de Afetos Tristes (medo, passividade, ressentimento). Como resultado, um líder ou departamento que precisa diminuir os outros para manter sua autoridade está, na verdade, drenando a energia vital do sistema. Eles transformam forças ativas (criadoras) em forças reativas (que apenas obedecem ou resistem). Ver Forças Ativas e Reativas.
Potência é a capacidade de afetar e ser afetado
A potência não é só a capacidade de afetar, mas também de ser afetado. Ser potente implica ser sensível e permeável, diferenciando-se do poder sobre o outro (dominação).
- Uma organização potente é aquela aberta ao mundo, capaz de afetar seu entorno e ser afetada por ele, integrando-as para expandir seu repertório de ação. Isso inclui a capacidade de ser afetada pelos seus próprios integrantes, produzindo Enlaces de composição e relações ganha-ganha.
- Uma organização dominadora é fechada, insensível e reativa. Ela tenta parar o fluxo da vida para manter a ordem e aumentar seu poder sobre (potestas). Estabelece relações de dominação e exploração com seus integrantes, em maior ou menor grau.