Um corpo é o resultado de uma relação de forças, como dizia Nietzsche. O corpo organizacional também respeita essa regra — esse embate determina o Agenciamento, ao mesmo tempo que um Agenciamento produz novas forças. Para a cartógrafa é importante compreender as forças ativas e reativas.

Forças Ativas

São forças que agem. Elas vão até o limite do que podem. São expansivas, criadoras e conquistadoras.

  • Como se manifestam: Inovação espontânea, a gambiarra que resolve, a colaboração não-oficial, o projeto que nasce da paixão, a decisão autônoma.
  • Efeito: Produzem diferença e novos valores. Geralmente estão associadas às Fontes de Potência (Fontes e Drenos).

Forças Reativas

São forças que reagem ou impedem a ação. Elas buscam conservar, regular, adaptar ou limitar. Seu objetivo primário é a segurança e a ordem, não a criação.

  • Como se manifestam: Controle, ressentimento, burocracia defensiva, justificativas.
  • Efeito: Separam a força ativa do que ela pode fazer. Quando dominam, a organização entristece e burocratiza. Geralmente estão associadas aos Drenos de Potência (Fontes e Drenos).

Como forças aparecem como Fontes e Drenos

Na prática cartográfica, raramente vemos “forças” de forma abstrata. Elas se manifestam em cenas concretas que a cartógrafa registra como Fontes e Drenos de Potência.

  • Quando forças ativas prevalecem em um agenciamento, aparecem como cenas de colaboração espontânea, invenção, coragem e curiosidade: são fontes de potência.
  • Quando forças reativas prevalecem, aparecem como cenas de medo, ressentimento, cinismo, sobrecarga sem sentido ou obediência cega: são drenos de potência.

Ler uma mesma situação pelos dois conceitos permite afinar o diagnóstico:

  • As Fontes/Drenos ajudam a localizar no tempo e no espaço onde a energia aumenta ou vaza;
  • As forças ativas/reativas ajudam a compreender que tipo de movimento está sendo produzido ali (afirmação de novos modos de existência ou conservação defensiva do já dado).

O problema não é a existência de forças reativas (elas são necessárias e inevitáveis), mas o seu triunfo desmedido sobre as ativas. Uma organização doente é aquela onde as forças reativas sufocaram a criação, transformando a potência em ressentimento e burocracia defensiva.