Uma vez cartografado o território, não entregamos um plano de ação estático. Iniciamos a fase de Prototipagem Composicional. A lógica é experimental: como podemos girar os botões (Território e Código) para amplificar a Potência coletiva?

Experimentação contínua

O processo se baseia em ciclos curtos e iterativos:

  1. Seleção do Território: Escolha de uma ou mais Fontes e Drenos de Potência no mapa.
  2. Hipótese de Reagenciamento: Formulação da mudança nos parâmetros. Ex: “Se reduzirmos a codificação neste processo (menos regras), a velocidade aumentará”.
  3. Desenho: Escopo delimitado e tempo curto. Se der errado, o dano deve ser reversível.
  4. Execução e Observação: O grupo vive o novo agenciamento.

Movimentos geológicos de intervenção

Com base nos Arquétipos Geológicos encontrados, podemos formular nosso experimento com base em diferentes movimentos.

Para sair do Maciço Cristalino

  1. Erosão Controlada (Descodificação): Hackear a lei. Simplificar manuais, abolir rituais inúteis que apenas reagem ao medo, criar “zonas de exceção” à regra. Exemplos: Criar uma “via rápida” onde compras abaixo de um valor não exigem nenhuma assinatura, apenas o registro final.
  2. Tectonismo (Desterritorialização): Mover o chão. Derrubar paredes físicas, misturar equipes em squads, forçar a circulação de pessoas entre silos. Exemplos: Retirar o time de compras da sala fechada no subsolo e alocá-los nas mesas dos times de projetos que eles atendem.

Para sair da Câmara Magmática

  1. Resfriamento (Codificação): Escrever o tácito. Transformar o conhecimento oral em guias, checklists e acordos claros para reduzir a dependência da presença física. Exemplos: Instituir um quadro visual (Kanban) público e um acordo inegociável sobre a entrada de novas demandas.
  2. Canais de Lava (Estruturação): Canalizar a energia. Criar papéis definidos para que a paixão não vire conflito pessoal. Exemplos: Definir papéis claros de dono do projeto para eliminar gargalos decisórios no topo.

Para sair do Arquipélago Estruturado

  1. Construção de Pontes (Reterritorialização Afetiva): Criar corpo. Promover encontros presenciais (“Off-sites”), rituais de celebração e espaços de troca não-trabalho para reumanizar as relações digitais.
  2. Flexibilização do Script (Decodificação): Hackear o robô. Permitir que as pontas (as ilhas) adaptem as regras globais à realidade local. Transformar “ordens” fechadas em “diretrizes” abertas, devolvendo a autonomia de julgamento ao humano.

Para sair da Planície Aluvial

  1. Fundação (Territorialização Material): Criar o chão. Investir na infraestrutura básica que “segura” o fluxo: definir a ferramenta oficial, o local dos arquivos e a base tecnológica mínima para parar o retrabalho.
  2. Balizamento (Codificação Expressiva): Definir o Norte. Estabelecer identidade e regras claras de navegação. Quem somos nós? Para onde vamos? Quais são os acordos inegociáveis?

Avaliação imanente

Ao final do ciclo, a métrica soberana é a variação da Potência:

  • As micronarrativas mudaram de tom (de lamento para entusiasmo)?
  • Novas Fontes de Potência surgiram?
  • As forças ativas ganharam espaço sobre as reativas?

Se o experimento foi um sucesso técnico (atingiu a meta) mas gerou afetos tristes (diminuiu a potência), ele falhou. A vitalidade do corpo organizacional é o critério final.